quarta-feira, 18 de setembro de 2013

SESSÃO 3: 21 DE OUTUBRO DE 2013



KING KONG (1933)


É muito difícil olhar para “King Kong” apenas como um filme de mera ficção científica, de terror ou de fantasia. “King Kong”, na sua versão de 1933, aquela que mais longe nos projecta nos terrenos do simbólico e da introspecção psicanalítica, é, na verdade, um terreno extremamente fértil para análises dos mais variados tipos. Realmente esta história de um gorila gigante que é feito prisioneiro numa misteriosa e perdida ilha selvagem e trazido para as luzes da anunciada civilização, sendo exibido como monstro de feira para gáudio de especuladores sem escrúpulos, não pode deixar de merecer reflexões mais profundas, tanto mais que se lhe devem acrescentar outras ramificações.
Temos aqui uma história de amor impossível, “louco”, de um gorila gigante por uma loura espampanante que grita desalmadamente sempre que se encontra nas situações mais perigosas e angustiantes. A perseguição, pode mesmo dizer-se o assédio, que King Kong empreende a Ann Darrow (Fay Wray) e que o leva a escalar arranha-céus e combater aviões nos céus de Nova Iorque, é algo de profundamente comovente no plano emocional e libidinal. Esta parábola da bela e o monstro não deixa ninguém indiferente e serviu de base a muitos estudos. King Kong é hoje um símbolo da força bruta e de uma certa ingenuidade primitiva, mas igualmente uma referência de uma inocência agredida, violada na sua integridade, e assassinada em nome do lucro fácil e da ganância de especuladores. O que é tanto mais de sublinhar quanto se sabe que este filme é um reflexo da grande depressão que se abateu nos EUA durante a década de 30 do século passado e de que o próprio filme dá testemunho através de algumas sequências.
Este é um daqueles filmes que só foi possível por ter sido produzido antes da adopção do código Hays, tal é a sua carga erótica e a sua simbologia libidinal. Produzido e realizado por Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack, que só aparecem creditados no genérico como produtores, parte de um argumento escrito por Ruth Rose e James Ashmore Creelman, segundo uma história do próprio Meriam C. Cooper (que confessou tê-la sonhado) e Edgar Wallace.


A obra começa no porto de Nova Iorque, com um cargueiro pronto a partir para uma aventura misteriosa. Uma equipa de cinema prepara-se para viajar até um destino desconhecido de todos, excepto do produtor Carl Denham (Robert Armstrong), que todavia se vê a braços com um contratempo de última hora. A actriz que estava escalada para seguir com eles desistiu à última hora e falta portanto uma mulher para seguir viagem e desempenhar o papel de “bela” nessa inquietante história que se anuncia. Mas Carl Denham tem resposta para tudo e não se dá por vencido. Basta descer às ruas de Nova Iorque e deambular um pouco pelas filas de desempregados e esfomeados que se sucedem à porta das instituições de assistência e das sopas de pobres. Estamos no início dos anos 30 e a crise aperta. Num desses locais de desespero, à beira de desfalecer, encontra-se Ann Darrow (Fay Wray), que aceita partir nessa mesma noite para destino desconhecido. A bordo do Venture, dirigem-se para o Oceano Indico, a oeste de Sumatra, procurando uma ilha desconhecida e de difícil acesso. Entretanto, durante a viagem e entremeando com sessões de ensaios e testes fotográficos, Ann apaixona-se por Jack Driscoll (Bruce Cabot), uma espécie de imediato do barco.
À chegada à ilha, descobrem que os nativos preparam uma cerimónia sacrificial em honra de Kong, um gorila monumental que vive do outro lado de uma forte muralha que protege as tribos hindus da sua ameaça. As peripécias aventurosas multiplicam-se mas o resultado é o esperado: Kong acaba por raptar Ann, escapando para o interior de uma selva pré-histórica onde defronta dinossauros de vária espécie (Stegossaurus, Brontossauros, etc.) e outros gigantescos animais. Cuidando de Ann com esmerado desvelo, Kong apaixona-se por essa bela “mulher de ouro” (assim a chamam os indígenas, deslumbrados pelo seu louro cabelo), a quem não hesita a retirar algumas roupas, como quem desfolha uma flor.
Entretanto, Driscoll, Denham, e a tripulação, que se vai perdendo pelo caminho, vítima de sucessivos ataques, perseguem a besta. Driscoll consegue recuperar Ann, mas Kong não cede e persegue-os, regressando à aldeia nativa, que destrói, sendo finalmente capturado por Denham que o leva para Nova Iorque, onde o exibe na Broadway como “A oitava maravilha do mundo”, num espectáculo que acaba em tragédia. Esta transposição de Kong para a dita civilização irá culminar no Empire State Building, de novo com Ann nas manápulas amorosas do gorila. Quando este se desmorona do cimo do maior arranha-céus do mundo e cai com fragor no chão, os polícias e jornalistas concluem que os aviões o mataram. Mas Carl Denham tem outra teoria, que transforma numa das réplicas mais famosas da história do cinema: "Oh, no, it wasn't the airplanes...it was Beauty who killed the Beast." (Oh, não, não foram os aviões… foi a Bela que matou a Besta).
Assim se criou um dos maiores mitos cinematográficos de sempre. Em 1991, este filme foi considerado pela “Library of Congress” como “uma obra de alto significado cultural, histórico e estético”, merecendo por isso ser preservada e figurar no “National Film Registry”. Conheceu várias sequelas medíocres e duas novas versões, em estilo de super-produção, que todavia nunca atingiram o esplendor do original: uma em 1976, dirigida por John Guillermin, outra em 2005, realizada por Peter Jackson.


Para lá de todas as referências que se possam fazer à excelente realização e sedutora interpretação, à belíssima fotografia a preto e branco e à direcção artística que cria admiráveis cenários poéticos numa selva toda ela artificial, este “King Kong”, de 1933, ficará para sempre ligado a dois nomes que tornaram possível esta obra-prima fantástica. Willis O'Brien, que criou King Kong e demais fauna pré-histórica, através de um aperfeiçoado mas rudimentar processo de animação que ficou conhecido por “stop-motion”, e a partitura musical de Max Steiner.
Todo o filme é uma sucessão de sequências que permanecem inesquecíveis para quem o viu, nem que seja uma única vez. Muito se progrediu em efeitos especiais desde então, mas raras vezes o impacto onírico e fantástico foi o mesmo. As cenas nas ruas de Nova Iorque, no interior do Ventura, na aldeia dos indígenas, as lutas de King Kong com os seus companheiros de selva, a estreia de Kong na Broadway, as perseguições que se lhe seguem, a escalada de Kong pelos arranha céus e a sequência final no alto do Empire State Building são momentos únicos. Mas absolutamente inesquecível é a forma amorosa como a Besta segura na sua mão a Bela figurinha da “mulher de ouro” que acaba por ser a sua perdição. O tema da “Bela e o Monstro” acabava de ter uma das suas versões mais marcantes. O amor nunca mais voltaria a ser o mesmo. E Fay Wray nunca mais voltaria a gritar da mesma forma.

KING KONG
Título original: King Kong
Realização: Merian C. Cooper, Ernest B. Schoedsack (EUA, 1933); Argumento: James Ashmore Creelman, Ruth Rose, Leon Gordon, a partir de ideia de Merian C. Cooper e Edgar Wallace, segundo história de Merian C. Cooper e Edgar Wallace; Produção: David O. Selznick, Merian C. Cooper, Ernest B. Schoedsack; Música: Max Steiner; Fotografia (p/b): Edward Linden, J.O. Taylor, Vernon L. Walker, Kenneth Peach; Montagem: Ted Cheesman; Design de produção: Carroll Clark; Direcção artística: Carroll Clark, Alfred Herman; Decoração: Carroll Clark, Alfred Herman, Thomas Little, Ray Moyer; Guarda-roupa: Walter Plunkett; Maquilhagem:  Mel Berns, Dot Carlson, Dotha Hippe, Sam Kaufman; Assistentes de realização: Doran Cox, Walter Daniels, Ivan Thomas; Departamento de arte: Van Nest Polglase; Som: Murray Spivack; Efeitos especiais: Harry Redmond Jr., Harry Redmond Sr., Frank D. Williams; Efeitos visuais: C. Dodge Dunning, Willis H. O'Brien; Companhias de produção: RKO Radio Pictures, A Merian C. Cooper and Ernest B. Schoedsack Production; Intérpretes: Fay Wray (Ann Darrow), Robert Armstrong (Carl Denham), Bruce Cabot (John Driscoll), Frank Reicher (Capitão Englehorn), Sam Hardy (Charles Weston), Noble Johnson (chefe nativo), Steve Clemente, James Flavin, King Kong, Walter Ackerman, James Adamson, Van Alder, Frank Angel, Roscoe Ates, Ralph Bard, Reginald Barlow, Eddie Boland, Harry Bowen, Jack Chapin, Merian C. Cooper (piloto do avião que mata King Kong), Ernest B. Schoedsack (operador de metralhadora no avião que mata King Kong), etc. Duração: 100 minutos; Distribuição em Portugal: Costa do Castelo (DVD); Classificação Etária: M/12 anos; Estreia em Portugal: 2 de Janeiro de 1934.

MERIAN C. COOPER 
(1893–1973)
Merian Coldwell Cooper nasceu a 24 de Outubro de 1893, em Jacksonville, Flórida, EUA, e faleceu a 21 de Abril de 1973, com 79 anos de idade, em San Diego, Califórnia, EUA. Estudou na Lawrenceville School, integrando depois a United States Naval Academy, em Annapolis, Maryland, entre 1911 e 1915. Mais tarde, frequentou o Georgia Institute of Technology, em Atlanta, donde saiu formado, em 1917. Intensa carreira militar, servindo na infantaria dos EUA, em 1916, depois na aviação. Integrou o Kosciusko Flying Squadron, como tenente-coronel. Foi correspondente de guerra e serviu como coronel durante a II Guera Mundial. Integrou o staff do General Claire Chennault na China, reformando-se como general brigadeiro. Conheceu na década de 20 Ernest B. Schoedsack, com quem passou a colaborar em muitos filmes, sobretudo como produtor. Foi o produtor favorito de John Ford, com quem trabalhou em diversas obras, como “O Fugitivo” (1947), “Forte Apache” (1948), “3 Godfathers” (1948), “Os Dominadores” (1949), “Rio Grande” (1950), ou “O Homem Tranquilo” (1952).
Foi um dos responsáveis da RKO, sucedeu a David O. Selznick como vice presidente encarregado da produção. Em 1947, fundou com John Ford a Argosy Pictures. Co-produtor do primeiro filme em Cinerama. Oscar especial da Academia em 1952.

Filmografia
(como realizador)
1925: Grass: A Nation's Battle for Life (documentário) (realização não creditada)
1927: Chang (documentário)
1929: The Four Feathers (As Quatro Penas)
1933: King Kong (King Kong) (realização não creditada)
1935: The Last Days of Pompeii (Os Últimos Dias de Pompeia) (realização não creditada)
1952: This Is Cinerama (documentário)

ERNEST B. SCHOEDSACK 
(1893-1979)
Ernest Beaumont Schoedsack nasceu a 8 de Junho de 1893, em Council Bluffs, Iowa, EUA, e faleceu a 23 de Dezembro de 1979, em Los Angeles County, Califórnia, EUA, com 86 anos de idade. Foi director de fotografia, produtor e realizador. Fez o serviço militar como fotógrafo, esteve em França, em 1916, como capitão da Cruz Vermelha. Operador de imagem para Mack Sennett, fotógrafo freelancer, colaborador de Merian C. Cooper, que conheceu na Polónia, durante a guerra. Especialista em documentarismo, por aí começou, em 1925, com “Grass”. Ferido num olho durante a II Guerra Mundial. Casado com a actriz e argumentista Ruth Rose.

Filmografia:
(como realizador)
1952: This Is Cinerama (documentário) (não creditado como realizador)
1949: Mighty Joe Young (O Gigante Africano)
1940: Dr. Cyclops (O Dr. Cyclope)
1937: Outlaws of the Orient (Leis do Oriente)
1937: Trouble in Morocco
1935: The Last Days of Pompeii (Os Últimos Dias de Pompeia)
1934: Long Lost Father
1933: The Son of Kong (O Filho de King Kong)
1933: Blind Adventure
1933: King Kong (King Kong) (não creditado como realizador)
1933: The Monkey's Paw
1932: The Most Dangerous Game (O Malvado Zaroff)
1931: Rango
1929: The Four Feathers (As Quatro Penas)
1927: Chang (documentário)
1925: Grass: A Nation's Battle for Life (documentário) (não creditado como realizador)

FAY WRAY (1907-2004)
Vina Fay Wray nasceu Cardston, Alberta, Canadá, a 15 de Setembro de 1907 e faleceu a 8 de Agosto de 2004, com 96 anos, em Nova Iorque, EUA. Estreou-se como actriz em 1919 e teve actividade até 1980, tendo sido casada com John Monk Saunders (1928-1939), Robert Riskin (1942-1955) e Sanford Rothenberg (1971-1991). Ficou conhecida sobretudo por ser a protagonista de “King Kong” e pelos seus gritos em diversos filmes de terror (era chamada a "scream queen").
A maioria dos seus filmes é de baixa qualidade e de reduzido interesse. Durante o seu inicial período da Paramount fez dúzias de filmes de adolescentes. Depois passou aos filmes de terror e de aventuras, como “The Most Dangerous Game” (1932), “Doctor X” (1932), “Mystery of the Wax Museum” (1933), “The Vampire Bat” (1933),  “The Wedding March” (1928), “The Bowery” (1933) e “Viva Villa” (1934). Foi, pois, na RKO Radio Pictures, Inc., que ela ganhou o estrelato, com “King Kong” (1933), obra que a projectou para uma carreira com alguns bons papéis em filmes mais interessantes, ao lado de estrelas como Gary Cooper ou Spencer Tracy. Mas cedo resvala para a televisão e outras obras anódinas.

Filmografia:
(principais filmes depois de 1930)
1931: The Unholy Garden (Jardim Profano), de George Fitzmaurice
1932: The Most Dangerous Game (O Malvado Zaroff), de Ernest B. Schoedsack e Irving Pichel
1932: Doctor X (O Monstro), de Michael Curtiz
1933: The Woman I Stole, de Irving Cummings
1933: Ann Carver's Profession (A Profissão de Ann Carver), de Edward Buzzell
1933: Below the Sea (Segredos do Mar), de Albert S. Rogell
1933: King Kong (King Kong), de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack
1933: Mystery of the Wax Museum (Máscaras de Cera), de Michael Curtiz
1933: The Vampire Bat (O Vampiro Invisível), de Frank R. Strayer
1934: Mills of the Gods, de Roy William Neill
1934: Viva Villa! (Viva Villa!), de Jack Conway, Howard Hawks, William A. Wellman      
1934: Woman in the Dark, de Phil Rosen
1934: The Richest Girl in the World (A Vénus Loira), de William A. Seiter
1934: The Affairs of Cellini (O Aventureiro de Florença), de Gregory La Cava
1934: Madame Spy (À Sombra da Guilhotina), de Karl Freund
1936: They Met in a Taxi (Encontraram-se Num Táxi), de Alfred E. Green
1937: Murder in Greenwich Village, de Albert S. Rogell
1937: It Happened in Hollywood (Aconteceu em Hollywood), de
1941: Melody for Three (Melodia para Três), de Erle C. Kenton
1941: Adam Had Four Sons (Os Quatro Filhos de Adão), de Gregory Ratoff
1953: Small Town Girl (Uma Rapariga da Província), de László Kardos
1953: Treasure of the Golden Condor (O Tesouro do Condor), de Delmer Daves
1955: Hell on Frisco Bay (Inferno em São Francisco), de Frank Tuttle
1955: Queen Bee (A Abelha Mestra), de Ranald MacDougall
1955: The Cobweb (Paixões Sem Freio), de Vincente Minnelli
1957: Tammy and the Bachelor, de Joseph Pevney
1957: Crime of Passion (Da Ambição ao Crime), de Gerd Oswald
A partir dos anos 50, aparece sobretudo em séries de televisão, como Cavalcade of America (1953), The Pride of the Family (1953-55), Damon Runyon Theater, 20th Century-Fox Hour, Screen Directors Playhouse, The 20th Century-Fox Hour (1955), Jane Wyman Presents The Fireside Theatre (1955-19579, Alfred Hitchcock Presents (1958-1959), The David Niven Show (1959), Playhouse 90 (1959), General Electric Theater (1957-1961), Perry Mason (1958-1965) ou Gideon's Trumpet (1980,  último trabalho).

WILLIS H. O'BRIEN 
(1886-1962)
Willis Harold O'Brien nasceu a 2 de Março de 1886, em Oakland, Califórnia, EUA, e faleceu a 8 de Novembro de 1962, em Los Angeles, Califórnia, EUA, com 76 anos de idade.
Oriundo de uma família de origem irlandesa, tornou-se célebre como um dos mais inventivos e perfeccionistas animadores em “stop-motion”, sendo um especialista em efeitos especiais que influenciou todos os técnicos e artistas desta arte, a começar por Ray Harryhausen. São dele os efeitos especiais de filmes como “The Lost World” (1925), “King Kong” (1933) e “Mighty Joe Young” (1949). Em 1950 a Academia de Hollywood concede-lhe o Oscar para Melhores Efeitos Especiais.

Antes de se iniciar em efeitos especiais, Willis O'Brien passou pior inúmeras actividades, rancheiro, operário, cowboy, barman, competiu em rodeos e foi guia de paleontologia, na região de Crater Lake, onde desenvolveu o seu interesse por dinossauros. Começou a desenhar e esculpir, foi ajudante de arquitectos e cartoonista desportista no “San Francisco Daily News”. Foi boxeur profissional Herman Wobber convidou-o para realizar o seu primeiro filme, “The Dinosaur and the Missing Link: A Prehistoric Tragedy”, em 1915. Thomas A. Edison ficou impressionado com o filme e contratou-o para animar várias curtas-metragens sobre temas pré-históricos. “The Lost World”, segundo obra de Arthur Conan Doyle, lança-o definitivamente no cinema. “King Kong” consagra-o. Seguem-se “Son of Kong” (1933), “The Last Days of Pompeii” (1935), “The Dancing Pirate” (1936), “Tulips Shall Grow” (1940), “Mighty Joe Young” (1949, Oscar), “This Is Cinerama” (1952), “The Animal World” (1956) (de colaboração com Ray Harryhausen), “The Beast of Hollow Mountain” (1956), “The Black Scorpion” (1957), “The Cosmic Monster” (1958), “Behemoth, the Sea Monster” (1959), “The Animal World” (1957), “The Lost World” (1960, como consultor técnico) e “It's a Mad, Mad, Mad, Mad World” (1963).

Sem comentários:

Enviar um comentário